19 de setembro de 2012
Céu pintado
Onde me perdi exactamente
No meio desta tempestade de ira
Onde ficou a pureza no olhar quente
Numa voz ausente que já não respira
Por onde ficaram os passos marcados
De uma busca esquecida de amargo
Por onde andaram os meus abraços
Que atormentaram a alma com desamparo
Por quem me transformei nesta corrida
Que não vejo ou entendo aqueles que magoam
Por quem me tomam, gente sem Vida?
So me desejam as lágrimas que desmoronam
Entre destroços de um campo rendido ao desamor
Espalhado nas cinzas convertidas em chamas
Do desencanto de um dia negro cheio de dor
Calaram de pranto as aguçadas labaredas
Como alcançar a esperança vencida?
De quem já não espera para ver o verde nascer...
Neste lugar inóspito largado à tristeza do rancor
Nascido de quereres demasiados sérios para merecer
Um novo amanhã repleto de energia e amor!
Como trazer até dentro deste tornado
A pacificidade de pólen vaguear na orla do vento
Salpicando o horizonte em tons saturados como que o pintando
Para alegrar este céu difícil de contentar no momento!
15 de setembro de 2012
Choro em Coro
Menino do Coro envolto por minas
Nas amarras do além de se querer
Perdido num lugar cheio de chamas
Onde se sente esquecido num poço sem fundo
Desejas o reconhecimento do mundo
Desabas, contantemente, num choro cantado,
Pelo desconcerto em que te vês cansado,
Na mesma melodia de um anjo caído, angustiado
Menino do Coro envolvido em tristeza
Exiges, sem pedir, viver por mim
Por quem se quer tornar parte do todo
Numa fase que dura e perdura sem um fim!
Não há calor nesta guerra cívil a dois..
O Sol não chega para aquecer, nem antes ou Depois!
Os corpos esfriaram nesta saga de sangue
Ninguém tem força para viver ou seguir adiante.
E este dorido presente não estimula só chateia
Ninguém se orienta, só bloqueia
Nem neste dia de calor de Verão traz vida ou Luz
Apenas reflectimos a ira que já nos traduz!
Menino do Coro de voz bem afinada
Inteligente e cheio de respostas com vivacidade
Trazes nas palavras a declaração da tua verdade
Numa ânsia ansiosa que esfaqueia de ponta afiada!
Cortas o elo remendado em trapilho
Vezes e vezes sem conta rematado!
Na capacidade de recuperar o dano causado
Mal curado, não sarado, só levemente tapado..
Menino do Coro de um Coro passado
Tens saudades de tanto,..falhámos demais...
Não sei como fazer esquecer o reprimido e recalcado
Ambos sabemos ser curta a vida não haverá muito mais...
E que o amor não chega, não nos tem alimentado
Sê feliz onde estiveres, ou voa à superficie
Acalma esta ruptura iminete
Acalma a alma que chora em coro
Vai lá fora e canta no presente
Q´esta guerra não é nossa, é d´outra gente
E escuta-me no silêncio desta fossa
Onde, estendida, fui mordida por uma serpente
Que me sufoca e não me deixa sequer respirar!
12 de setembro de 2012
Meu pai
Na sinceridade do teu lindo sorriso espontâneo
Perco-me numa ternura imensa, em ti espelhada
Onde não cabem palavras, vislumbro-te encantada
Num espaço escondido dentro de mim para sempre
E em cada momento preenches-me a alma
Num querer tornar eterna esta rica passagem
Sem medos ou refúgios, vivendo a tua calma
De quem confia no tesouro à espera na outra margem
Revelas a alegria por me dares a mão e carinho
Mesmo quando o piso é tortuoso com espinhos
Que tantas vezes presencias o meu caminhar sem Ver
A sabedoria que trariam tantos outros caminhos por escolher
E jamais desistes de apoiar, aconselhar, ralhar..
Para por fim aceitar! a dor de me veres tropeçar....
Nos trilhos lamacentos que a tempestade deixou
Numa enchurrada qualquer de um clima que mudou!
E eu abraço-te de volta
Num aperto demorado
Sem pressa de seguir,..
sair ou partir!!
Que é o teu poema, sem palavra solta
És o oceano no mundo
Que banha a terra MÃE
Sem ti o meu Ser fica mudo!
Sabendo sequer ao que vem!
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