23 de novembro de 2012

The End



Desfragmentei-me em mil cacos de cristal
Na bela pedra laminada, em caos, esculpida
Fugiu a verdade na hora da honra despida
Pela dúvida traída na mão do que era especial

Rasgaste a placenta desta ternura irreal
Pela afronta a mim ao seres desleal
Não pelo erro estúpido tomado na partida
Mas pelas mentiras afirmadas desde a ida

Sempre na rotura se vê o lado de dentro
Amores perfeitos só em canteiros no jardim
Ao te desacreditar nada florescerá em mim
Só os anos possibilitam um reencontro

Por apagarem memórias que trouxeram dor,
Pelo desprendimento dessa amargura ou rancor!
A verdade nada mais é que uma perspectiva
Na minha visão superaste toda a expectativa

Ao trazeres esse lado negro em punhal
Numa noite fria, coberta de intensa geada
Abriste-me uma ferida da certeza levada
Na solitária convicção de eu acreditar que o mal
Provém do único núcleo onde sou amada
E na tristeza desta trivialidade chegou o nosso final!!


16 de novembro de 2012

Nascida





Começo a ver-me na realidade de quem não consente
Encaixada na Forma para dar vida à alma que tudo sente
Num vestido de medo, desci, numa seda perfeita de triste

Escondida em amor com um propósito de vida diferente!

 
Intenção não tinha!, de me trazer a esta terra vazia
Salpicada pela dúvida e afligida pela arrogância                     
E Resisti a esta frequência imposta na minha profecia

Onde cada sensação ou visão é uma asa sem guia

 
Se me trouxeram até esta cinza Era
Tragam-me agora a real razão

De quem tantos anos espera
Para poder encher o coração


Enraizei no ar, num castelo mudo
Onde os ventos cortam laços

Emaranham em seus traços

Para nao dar muitos passos
Afoguei em mim a dor de tudo!


Mostrem-me agora o Rumo
Para melhorar um pouco o Mundo

Transmutem a tristeza em fumo
O ego quer-se vagabundo..

Faço as pazes com este planeta fecundo
Entro em uno com o seu imenso mar profundo!

São dias...

 

Este dia..
Mais um dia ....e mais outro dia
Que nada faço a não ser esperar
que este dia passe até outro se iniciar!!

14/11/2012

Sopro





Sopro de vento esbatido em temperança
Corre o ar frio nas montanhas da mudança
Cresce o negro céu, debate-se em leveza
Sorri de face inteira, és filho da natureza

Sopra o assobia fresco, marca a fase da bonança
Hoje o dia é fado, nasceu de uma criança
Entrelaçam-se os dedos no girar de uma dança
Balança em carinho, é tempo de uma nova aliança

Sopros vindos de bosques, correm prados de lembrança
Em histórias de embalar conquistadas no enlaço de um abraço
Dos que recordam com amor feito em melaço
No cativar o sono no conforto de uma cama em segurança

Sopras os teus medos num respirar desacelerado
Trouxeram-te sonhos acariciados em voz terna
Adormecerás em núvens feitas de algodão acetinado
Amanhecerás descansado, agora és o urso que hiberna.

O anjo da guarda anuncia aqui a sua presença
Quando sussurra num só sopro a melodia da esperança!

Nov/12

6 de novembro de 2012

Metamorfose



Em rascunhos de um papel encarquilhado

Escrevo sem detalhe de uma letra trabalhada

Rabisco e corrijo, repito até ter um monte amachucado

No desejo de apresentar uma escrita requintada



Por entre o pensar ao desenhar traços e riscos

Ficam palavras novas a fervilhar

Desta mente inquieta que muito quer expressar

Um misto de tristezas e de imprevistos



Relatam a vida como um livro indiscreto

Sem um conteúdo ideal, mal marginado

Duvidoso, com irregularidades nada concreto

Simplesmente alcançado e concretizado



Nas utopias me perco em idealizações

Até trazer à tona curiosidades minhas e alheias

Em pedaços brancos de celulose com imperfeições

Acarinhados pela impaciência destas vivas ideias.


 


30/09/2012




Naufraga de mim



No desembarque das malas por fazer

Escorreguei em trapos despidos de ti

Sofri no chão perante a queda do perder

Derramei sangue na esperança que não vi!



Tudo tem um começo, um meio e um fim

Logo este cruzeiro iniciou marcha sem mim!

Resgatei-me desta praia agora isolada

E agarrei-me a uma âncora que me foi lançada




Em consciência vejo o céu em seu lugar

Na sua aparente estabilidade sem tempo

Sei que não me era possível continuar

Nesta ondulação entre a terra e o mar!



Na tristeza dos dias há muito me esqueci

Que não tenho para onde ir, mas não quero ficar!

Saio neste porto anónimo, aguardando um apoio

De um ombro amigo de quem o partilhar..



E sigo de bagagem, mais pesada, em punho

Até me encontrar na passada da vida

Tenho o mapa guardado sem rascunho

Segui-lo-ei até que me sinta feliz na corrida!         31/11/2012



Inspiramo-nos em nós para conhecer os demais

Espelhando assim conquistas e derrotas

Noutros alguéns tão sós quanto nós

De leve sabor amargo de memórias remotas!


Procuramos no mundo a nossa metade

Como se meia ostra tivéssemos nascido

Dessa busca inglória sem qualquer verdade

Ficamos reféns de uma mente e do ego sentido!



O amor sempre nos une, é belo e translúcido

Jamais se parte ou deixa um ser repartido!

Se inteiros nos entregarmos em seu peito desarmado

Nenhuma parte fica de fora ou quebra em desamparo



Não apaga, não sufoca, não magoa

Só acalma, encoraja.. ilumina!

Quem nele se aconchega e canta em encanto

Floresce a Primavera cobrindo tudo em seu manto



Rega a tua essência viva, sedenta de ti

Conhece-a bem e reconhece o valor por si

Remata-a no teu Ser e acabarás por encontrar lá fora

A oportunidade de ser e viver que te espera Agora!

06/11/2012