Quando me desprendo
Não deixo de me importar
Não preciso deixar de gostar
Nem tampouco de partir
Só não entrego a alma
Nem espero quase nada
Silêncio mais
Observo mais
Sorrio menos
Sem ilusão ou força
Caminho sem peso
Sigo sem determinação
A esperança apenas sopra
Numa brisa tênue
Numa voz sumida
Num toque ausente
Em morno aquecer
Que esfria o coração
Para adormecer em tremor
Sem acordar na vida
E cá dentro corre o sangue
Que aquecerá , de novo, o meu pulsar
Acordará este cavalo alado
Em kundalini de fogo sobressalto
Para poder desnudar-me
Sem medo de abrir o coração
E de me mostrar, vulnerável
A quem não teme se perder
E em mim confia a vida
Onde dois são um
Seja qual for o tempo lá fora
Existimos sempre, a cada nova aurora.